35ª Romaria de Fátima - outubro de 1.986
Um constante apelo à aceitação dos colonos que poderiam vir para Cruz Alta e a Reforma Agrária, foi feita pelos padres e religiosos presentes na 35ª Romaria ao Monumento de Fátima, intercalando suas mensagens com rezas e cânticos católicos.
Milhares de pessoas, embora sem atingir o número de fiéis previsto, acompanharam a caminhada.
Dezenas de pessoas foram deixando a romaria no meio do caminho com queixas contra o tipo de pregação que estava sendo feita.
Uma senhora reclamou para a reportagem que estava indo embora porque, vindo de longe, não identificou o lugar para rezar – e não para ouvir um comício em favor de colonos sem terras.
Um casal de Ibirubá, já cansado das inúmeras vezes que, no caminho, necessitou se identificar, reclamou bastante da preleção dos padres.
Igualmente às Romarias anteriores, pagadores de promessas estavam presentes, e, embora acreditando no lado religioso da festa, o evento havia se transformado em um grande comércio, com a cerveja vendida de 10 a 12 cruzeiros, preços muito acima da tabela oficial de Cr$ 9,70, bem como dos demais produtos disponíveis aos fiéis.
Muitas crianças vestidas de anjos, com cruzes, de pés descalços, dezenas de pessoas compenetradas, rezavam em favor de seus doentes, ou em agradecimento a graças alcançadas, entre os quais se contavam pessoas dos municípios de Cachoeira do Sul, Fortaleza dos Valos, Ibirubá, Salto do Jacuí, Pejuçara, Panambi, Santa Maria, Tupanciretã, Júlio de Castilhos e outras cidades da região.
Durante toda a procissão foram ouvidos discursos dos padres e religiosos falando da situação econômica, política, social do país, e sobre as necessidades de mudanças e a importância da Constituinte e da Nova Constituição.
Alinhados oportunamente, os políticos de todos os partidos faziam a sua pregação eleitoral, distribuindo santinhos.
Havia um grande número de cartazes dos mais diferentes tamanhos, colados em postes e em grandes placas de metal ao longo do percurso e nas proximidades do Monumento.
Todos os carros e ônibus, principalmente estes que chegavam a Cruz Alta, foram parados e revistados minuciosamente, e cada um de seus passageiros identificados pela Brigada Militar, que reforçou seu contingente pelo alerta que havia recebido, da possibilidade de colonos da Fazenda Anonni tentarem entrar na cidade juntamente com os romeiros para invadir terras desapropriadas pelo governo.
O policiamento foi ostensivo durante todo o percurso da procissão e no local da festa. O comando local da BM não declarou a quantidades de militares utilizados tanto no patrulhamento como nos cuidados das estradas que dão acesso à cidade.
Fonte:
Jornal Diário Serrano, 14 de outubro de 1986.
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Romaria de Fátima® Página publicada em 27.07.2014 Atualizada em 24.05.2024 - 22:34
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